A crônica de hoje, lá no Blog do Noblat, é sobre panellets, os docinhos de amêndoas que se converteram em verdadeiro símbolo de resistência da nação catalã. Dê uma olhada lá, acho que você vai gostar. Ou aqui, na seção Cartas de Barcelona.
Mas é claro que eu não sou maluca a ponto de colocar receita no Blog do Noblat, né? A receita dos panellets é um segredo guardado a sete chaves e exclusiva para os leitores deste modestíssimo blog. Mais uma contribuição de Doñana para o repertório gastronômico do mundo mundial brasileiro.
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Panellets
A base dos docinhos é o marzipã cru. Você pode fazer panellets de diferentes tipos com a mesma base. Neste caso, faça uma receita de marzipã, divida em três partes iguais e prepare cada terço conforme Doñana nos ensina. Ou invente seu próprio recheio, para ficar mais divertido.
1 – Marzipã cru (base)
- Misture 1 quilo de amêndoas moídas (nem muito grossa nem muito fina) com 500 gramas de açúcar.
- Junte seis ovos (se preferir, use só as claras, mas acrescente mais duas; sem as gemas, a massa ficará um pouco mais seca).
- Misture com as mãos sem amassar muito. A massa deve ficar meio pegajosa.
- Embrulhe em filme e reserve.
2 – Montagem
Panellets de piñones (pignolis italianos)
- Separe 1/3 da massa e enrole com as mãos sobre uma superfície lisa, fazendo uma tira roliça como se fosse cortar nhoques grandes.
- Corte pedaços de aproximadamente 14 gramas (mal e porcamente falando, seriam cubinhos quadrados de no máximo 2 cm de cada lado). Faça bolinhas com eles.
- Numa tigela, umedeça levemente um punhado de piñones em gema de ovo, encha a mão com essa mistura e enrole nela cada bolinha, apertando um pouco para os piñones aderirem à massa.
Dica: como os piñones no Brasil são raros e caros, Doñana sugere usar castanha do Pará em grão. Eu acho que funciona.
Panellets de amêndoa
- O procedimento é o mesmo, com três diferenças:
- Ao invés de bolinhas, você fará meias-luas.
- As meias-luas devem ter um pouco mais de massa que as bolinhas, cerca de 18g (uma meia-lua de 1 cm de espessura por 6 ou 7 de comprimento, em média).
- No lugar dos piñones, você usará amêndoas em grão para cobri-las, umedecidas em gema de ovo (aqui também vale usar castanha do Pará).
Panellets de marmelada
- Com o último terço de massa, faça bolinhas de 18g, recheie com cubinhos de marmelada (ou goiabada), feche-as e passe pelo açúcar (de preferência açúcar cristal).
- Depois de dispor as bolinhas na forma, faça covinhas na parte superior e preencha com uma colherinha da seguinte mistura: um limão de casca clara, batido inteiro (sem sementes) no liquidificador com açúcar cristal em quantidade equivalente ao peso do limão; bata somente até triturar, sem deixar virar um suco. Você não imagina como o resultado é espetacular!
3 – Como assar
- Se você tiver um silpat, aquele tapetinho de silicone para forrar formas, use-o como base, e neste caso não precisa untar. Com o silpat os docinhos não correm o risco de ficar com a base tostada.
- Se não tiver, prefira uma forma não muito fina e unte-a com manteiga ou cubra-a com papel manteiga.
- Disponha os panellets a uma distância de 2 cm para que assem por igual.
- Leve ao forno pré-aquecido a no mínimo 220 graus. Deixe por cinco minutos ou até que os panellets fiquem dourados. Retire do forno e deixe esfriar antes de desenformar.
- O forno deve estar realmente quente, senão os docinhos não terão o efeito “crocante por fora, molhadinho por dentro”.
- Não saia do lado do forno, porque eles assam muito rápido!
4 – Como servir
A tradição catalã é servir panellets numa grande festa – familiar ou comunitária – celebrada no Dia de Todos os Santos, e também em homenagem aos antepassados no Dia de Finados. São acompanhados de vinho moscatel ou cava, espumante típico da Espanha.
Se Doñana não me censurar, quando eu voltar para o Brasil pretendo servi-los com chá, café, espumante e até vinho do Porto… Huuummm, deve ficar uma delícia com vinho do Porto! E sem dia marcado, porque afinal não sou catalã. Ainda.