Nas andanças por Valência, conduzidas por Seu Atílio de guia na mão, chegamos ao que para mim é o paraíso da cidade: o Mercado Central.
Mercados sempre foram o meu fraco, não nego, mas este é especialmente charmoso. Amplo, magnificamente iluminado pelo sol que atravessa seus vitrais e de um colorido digno de uma cidade vibrante e mediterrânea como Valência.
E cheio de história, claro.
O edifício atual – um esplêndido exemplar Art Nouveau em ferro, vidro e cerâmica nascido das pranchetas modernistas da Escola de Arquitetura de Barcelona – foi inaugurado em 1928. Mas a história começa lá atrás, na Valência dos árabes, quando a mesquita era cercada por ruelas dedicadas ao comércio de tudo o que se produzia na região. A céu aberto, naturalmente.
Mas a Praça do Mercado era mais que o centro comercial da cidade. Foi palco de celebração de bodas reais, corrida de touros, enforcamentos de traidores da coroa, bailados, torneios, festas cívicas e até desfiles de cavaleiros dispostos a conquistar os favores das damas.
Está lá no site e eu transcrevo porque dá uma idéia da balbúrdia histórica:
“La fama del Mercado de Valencia transciende a Europa y aquí vienen a establecerse los franceses -en la calle Dels Drets- que vendían tejidos, blondas, encajes y quincalla fina; en la de los Hierros de la Lonja los mercaderes suizos y alemanes, expendedores de quincalla barata; y en la de La Bolsería, genoveses y malteses, que monopolizaban el comercio de lienzos. La plaza del Mercado se convirtió en centro neurálgico de la vida ciudadana, que despertaba con el alba, cuando llegaban los carros de las huertanas bien repletos de hortalizas y frutas; y se levantan aquellos puestos de madera y lona limitados por capazos de esparto. Allí acudían los marinos genoveses y catalanes; las damas y sirvientas; caballeros y celestinas; ladronzuelos, ciegos que cantaban gozos de santos y horrorosos crímenes; frailes, soldados, estudiantes y todo aquel que deseaba participar del espectáculo.”
O clima festivo resistiu ao espetáculo da forca e, hoje, caminhar entre as 350 bancas de frutas, verduras, ovos, pescados, carnes, flores, ervas aromáticas e sobretudo jamón é uma das mais belas experiências que se pode ter em Valência.
Se você, como eu, Seu Atílio e Dona Nô, tiver apenas um dia para conhecer a cidade, não deixe de gastar umas horinhas no Mercado Central. Ele cheira ao frescor de uma cidade que, há dois mil anos, se renova para seguir encantadora.
Pronto Ana,
já estou convencido. Próxima parada, Valencia.
E vou de GPS que eu adoro uma máquina me dizendo o que fazer.
Muito bom o seu texto, pra variar.
Bjo.
Meu amigo, vai mas leva um monte de memória para tuas câmeras… A cidade é linda!
Beijo.
Anamaria, quantos séculos!! Tô sumida das palavras, na doidera do trabalho que agora apertou meeesmo, mas tenho te lido sempre e visto nas fotos – Saudades!!!!
Hoje não me contive e parei pra comentar: essas fotos ficaram realmente ótimas, adorei, estão cada vez mais apuradas, hein?
Falar em fotos, vc conheceu o Jamil Bittar, fotógrafo da Reuters aqui em BSB, irmão da Rosângela, do Valor? Trabalhei com ele quando cheguei em Brasília, gente finíssima, fiquei sabendo que ele morreu no início do ano, quase não acreditei.
Caríssima, vendo o comentário no ar percebi que talvez não tenha sido legal tocar no assunto aqui nesse espaço, que estava tão alegre e plástico.
Por outro lado, justo isso seria a melhor homenagem a esse fotógrafo que se dedicou inteiro ao seu metiér durante 30 anos e fez questão de seguir trabalhando até os últimos dias.
Mesmo assim, sorry, é que soube agora e estava meio em choque.
bjs
Márcia, tranquila, eu já sabia, Claudinho deu lá no Pictura. Triste, né?
Bom, mas agora minha Perséfone está vindo para a superfície, que chegou a Primavera 😉
Saudade, amiga. Bota um skype aí pra gente se falar.
Beijo.
Valencia é linda. Cidade/mar, historia. O mercado central é lindo, não aparenta bagunça nem sujeira como se espera de um mercado central. Vale a visita e comprar jamon para um lanche da tarde.