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Archive for 1 de maio de 2010

Eis a Carta de Barcelona de hoje, em versão ilustrada.

A versão, digamos, enxuta, você pode ler aqui ou no Blog do Noblat.

Foto Ceci Gervaso

Se existe uma coisa que eu nunca tinha experimentado em meus 41 anos de Brasil é a existência de quatro estações em um ano.

Cheguei aqui no auge do verão passado e a cidade era uma sauna a vapor. 36 graus durante o dia, e não melhorava muito na madrugada.

A luz do sol entrava pela noite, as ruas fervilhavam de gente, bandas de música passavam sob a minha janela às onze da manhã, tudo acontecia ao mesmo tempo e a cidade era uma festa permanente.

Fotos Anamaria Rossi

Percebi a chegada do outono já em meados de outubro: árvores começando a ficar nuas; folhas secas inundando as calçadas; um sol mais preguiçoso, que chegava mais tarde e saía mais cedo; a vizinhança se aquietando; o céu e o guarda-roupa empalidecendo.

O inverno veio com tudo em dezembro. Duas semanas antes do Natal, a paisagem mudou. Ainda não era a neve do início de março, mas o gelo invadiu sem piedade os espaços invisíveis de tudo e de todos.

O sol já não chegava à minha morada, só alcançava os três últimos andares do prédio. A penumbra se refletia nos semblantes, hermeticamente fechados como as janelas das casas.

Despidas, as árvores revelaram uma Barcelona que eu não conhecia, com um céu imenso, embora quase sempre cinzento.

Um dia, da varanda do apartamento de uma amiga, olhei para o lado e vi a Sagrada Família inteirinha. “Uai, ela não estava aqui antes”, pensei. Estava sim, atrás do plátano que se recolheu para esperar a primavera.

E a primavera chegou. Cansou de pedir passagem a um inverno atipicamente gélido e longo e resolveu impor-se, soberana.

Veio com um sortimento incrível de cores! Ainda não nas flores, que nem todas estão prontas, mas já nos rostos corados de sol, nas vitrines fosforescentes, no figurino cada vez mais vibrante dos passantes.

Veio e trouxe uma alma novinha em folha para Barcelona. É cada vez maior o número de casais, de todas as formações possíveis, caminhando de mãos dadas pelas ruas.

As praias recomeçam, aos poucos, a ser povoadas. Por gente de todo tipo, com casaco, sem casaco, com roupa, sem roupa, com farofa e sem farofa.

É comum, durante a semana, ver grupos almoçando na areia das praias mais afastadas do centro, a roupa dobrada ao lado enquanto o corpo desenferruja, sem lenço nem documento. Depois de uma horinha, é só tirar o excesso de areia, vestir a meia fina e voltar ao trabalho.

Quem tem mais tempo arrisca um banho de mar, ainda que seja de cuecas. Depois de quatro meses de pele mofando sob casacos pesados e escuros, não há lugar para pudor nas areias de Barcelona.

Eu nunca tinha sentido o cheiro da primavera. É suave, fresco e ligeiramente adocicado, como os morangos da temporada.

É um cheiro de sol secando a roupa na varanda e entrando pelas portas reabertas. Cheiro de criança correndo suada pelo parque, de folhagem brotando, de pressa de viver.

Se no inverno eu contava o tempo em segundos que nunca terminavam, me vejo agora – e a todos em volta – correndo contra o tempo para não perder um só minuto.

Por mais longos que sejam os dias, eles ainda são pequenos para tudo o que não foi feito enquanto estávamos encolhidos debaixo do edredom.

Multiplicam-se os happy hours, agora com as mesas ao ar livre, e os bares são tomados por torcedores de última hora a cada jogo do Barça.

Tudo é motivo de festa. Você pode dormir ouvindo a banda de rock que faz um show na praça lotada e acordar com a missa da Santa Maria del Mar escapando pelos alto-falantes e ocupando o Passeig del Born.

Isso porque a temperatura ainda está na faixa dos 20 graus, muito longe do que se anuncia para julho e agosto! Mas já está todo mundo preparando suas chanclas, tanto que a mais famosa das marcas brasileiras instalou-se coloridíssima ao lado da Plaza Catalunha.

Semana passada fiz a mudança no guarda-roupa: sobem botas e casacos, descem vestidos, regatas e havaianas. Feliz e radiante, mas já com uma pontinha de saudade.

É que, quando o verão chegar, terá se cumprido meu ciclo por aqui, e eu não poderei sentir o cheiro da próxima primavera.

Ainda bem que ela está só começando!

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Eu sei, eu sei que a operação biquíni já deveria estar em marcha, mas olhei para aquelas três bananas maduras na fruteira e decidi: elas vão virar um bolo a-go-ra!

Fotos Anamaria Rossi

BOLO DE BANANA, MEL E GRANOLA DA ANA

Bati com o turmix:

  • 3 bananas maduras amassadas
  • 1/2 xícara de óleo de girassol
  • 2 ovos inteiros
  • 1 xícara de açúcar
  • 1 colher (sopa) de mel

Em outra vasilha, os secos:

  • 1 xícara de farinha de rosca
  • 1/2 xícara de amêndoa em pó (que sobrou da receita das madalenas)
  • 1/2 xícara de granola (minha mania atual)
  • 1 pitada de sal
  • 1 colher (sopa) rasa de pó Royal

Incorporei a massa seca à massa líquida, sem bater, mexendo de leve com uma espátula.

Distribuí a massa em 12 forminhas individuais, untadas com manteiga e farinha, coloquei uma rodela de banana sobre cada bolinho e polvilhei-os com açúcar e canela.

Levei-os ao forno pré-aquecido em temperatura média. Em 15 minutos, tempo que gastei para conferir os emails, lavar a louça e ajeitar a cozinha, eles estavam assim:

Se você for como eu, e não tiver a menor paciência de esperar que o bolo esfrie, sugiro procurar uma sobra de sorvete no fundo do congelador.

Dei sorte. Encontrei a raspa do pote da Festa da Primavera que rolou esta semana aqui em casa.

Mas isso eu conto depois. Ou não. Yo que sé?


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